quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Os Muros e um Mosaico...

Labirinto (Maze Runner)
Qual a profundidade das raízes da nossa fé? Seria esta fé aquela verdadeira necessária ao exercício da vida espiritual ou uma outra que serve de apoio para nossas inseguranças internas?

Uma amiga recentemente me perguntou se o conhecimento que adquiri ao longo dos vários anos de pesquisas não
afetavam a fé. Não tive tempo na ocasião para responder, mas esta questão ficou em minha mente. Até que ponto a verdade pode anular a fé?

Inicialmente quero dizer que o conhecimento da verdade não anula o conteúdo desta verdade. A  verdade (na verdade) liberta, enquanto a mentira aprisiona. Contudo, o ser humano sempre preferiu ficar no engano, perpetuamente refém. Criamos nossos próprios muros, nos aprisionando dentro deles. Formulamos leis e dogmatizamos tudo, para sentirmos o domínio sobre o assunto que nos interessa ou incomoda, e tudo isto por sermos seres inseguros. 

Mas o que acontece quando nossas bases teóricas ruem pelo peso dos fatos observáveis? É neste momento que nos apegamos aos escombros, venerando-os como relíquias de uma religião que não pode ser abandonada.

Tomo como um  exemplo de uma religião desmoronada, o próprio Evolucionismo. Esta religião surgiu para aliviar o peso que recaia sobre os homens que não queriam lidar com o Deus Criador mencionado na Bíblia. Por mais aparentemente científica que poderia parecer os primórdios da teoria, logo dogmatizou-se ideias, pressupostos, enfim, teorias. Elegeram um deus para esta nova doutrina. Criou-se o culto nas universidades e meios acadêmicos, fizeram proselitismos entre estudantes e escolares. Religiou-se o ateísmo. Mas o peso da verdade se abateu sem piedade sobre esta religião, e em 100 anos ela já estava caindo sobre o peso de sua própria insustentabilidade. Porém o que fizemos? Mantivemos o sistema, reafirmamos os dogmas. Queimamos os hereges nas fogueiras da inquisição acadêmica.

O Evolucionismo, como tantas outras formas de manifestações religiosas, dogmatizou e sistematizou suas doutrinas. E esta é uma necessidade humana: controlar o que não se entende. Quem ousa questionar, vira um inimigo e um perigo em potencial. Nestes casos, ou se re-doutrina a pessoa, ou se deve elemina-la-a do meio. 

Certo dia ousei olhar por cima dos muros, levado pela curiosidade sobre a verdade. Muitos anos depois, já tenho um vislumbre do que há pouco além da muralha. Pude constatar, que fora dos dogmas e doutrinas religiosas, Deus é mais Deus! Ele não é o deus da religião sistematizada, mas um DEUS que enoza toda a capacidade de raciocínio dos letrados doutores das religiões. Ele transcende a tudo.

Desta forma, ao longo deste processo de busca pela verdade, chego à conclusão até agora, que os livros de História e de doutrinas estão errados, pois na sua essência refletem o medo da verdade sublime. E quando falo de livros dogmáticos e doutrinários, não me refiro à Bíblia. Ela não está errada, mas sim as interpretações que fazemos dela. Colocamos palavras na boca de Deus, coisas que Ele nunca disse!Contudo, sem os filtros dos dogmas, ela fala, e fala a verdade como ela realmente é. O problema é deixarmos com que ela fale, evitando nossos pré-estabelecidos conceitos da teologia.  

Reler a Bíblia desta forma, traz complicações quando nos deparamos com o que aprendemos nas catequeses, sejam católicas ou evangélicas. Em compensação, percebemos a grandeza profunda do relato com suas verdades nuas, muito mais realistas e menos ideologizadas. Se fizermos este exercício, por exemplo, nas histórias da vida de Abraão e Moisés, veremos  homens muito mais naturais e menos semi-deuses. Se aplicarmos isto à história da Criação, Salvação, o curso da História humana, espiritualidade, Eternidade, ou ainda buscarmos entender mais sobre anjos, Deus, Jesus, diabo, etc., perceberemos um novo universo muito mais amplo e colorido do que nos mostram os monocromáticos tons das paredes deste labirinto no qual nos encerramos amedrontados. 

Quando os muros da prisão caem, todos os fragmentos de um cenário começam a fazer sentido. Nossos muros religiosos construíram este labirinto, e não notamos o esplendor do mosaico sobre o qual estamos. Sempre será a verdade que irá nos libertar, não o medo!

É assim, amiga Raquel, que entendo o conhecimento. Ele não abala a fé, mas nos liberta da prisão. 

A Deus toda a glória!

Leialdo Pulz 

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