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Labirinto (Maze Runner) |
Uma amiga recentemente me perguntou se o conhecimento que adquiri ao longo dos vários anos de pesquisas não
afetavam a fé. Não tive tempo na ocasião para responder, mas esta questão ficou em minha mente. Até que ponto a verdade pode anular a fé?
Inicialmente quero dizer que o conhecimento da verdade não anula o conteúdo desta verdade. A verdade (na verdade) liberta, enquanto a mentira aprisiona. Contudo, o ser humano sempre preferiu ficar no engano, perpetuamente refém. Criamos nossos próprios muros, nos aprisionando dentro deles. Formulamos leis e dogmatizamos tudo, para sentirmos o domínio sobre o assunto que nos interessa ou incomoda, e tudo isto por sermos seres inseguros.
Mas o que acontece quando nossas bases teóricas ruem pelo peso dos fatos observáveis? É neste momento que nos apegamos aos escombros, venerando-os como relíquias de uma religião que não pode ser abandonada.
Tomo como um exemplo de uma religião desmoronada, o próprio Evolucionismo. Esta religião surgiu para aliviar o peso que recaia sobre os homens que não queriam lidar com o Deus Criador mencionado na Bíblia. Por mais aparentemente científica que poderia parecer os primórdios da teoria, logo dogmatizou-se ideias, pressupostos, enfim, teorias. Elegeram um deus para esta nova doutrina. Criou-se o culto nas universidades e meios acadêmicos, fizeram proselitismos entre estudantes e escolares. Religiou-se o ateísmo. Mas o peso da verdade se abateu sem piedade sobre esta religião, e em 100 anos ela já estava caindo sobre o peso de sua própria insustentabilidade. Porém o que fizemos? Mantivemos o sistema, reafirmamos os dogmas. Queimamos os hereges nas fogueiras da inquisição acadêmica.
O Evolucionismo, como tantas outras formas de manifestações religiosas, dogmatizou e sistematizou suas doutrinas. E esta é uma necessidade humana: controlar o que não se entende. Quem ousa questionar, vira um inimigo e um perigo em potencial. Nestes casos, ou se re-doutrina a pessoa, ou se deve elemina-la-a do meio.
Certo dia ousei olhar por cima dos muros, levado pela curiosidade sobre a verdade. Muitos anos depois, já tenho um vislumbre do que há pouco além da muralha. Pude constatar, que fora dos dogmas e doutrinas religiosas, Deus é mais Deus! Ele não é o deus da religião sistematizada, mas um DEUS que enoza toda a capacidade de raciocínio dos letrados doutores das religiões. Ele transcende a tudo.
Desta forma, ao longo deste processo de busca pela verdade, chego à conclusão até agora, que os livros de História e de doutrinas estão errados, pois na sua essência refletem o medo da verdade sublime. E quando falo de livros dogmáticos e doutrinários, não me refiro à Bíblia. Ela não está errada, mas sim as interpretações que fazemos dela. Colocamos palavras na boca de Deus, coisas que Ele nunca disse!Contudo, sem os filtros dos dogmas, ela fala, e fala a verdade como ela realmente é. O problema é deixarmos com que ela fale, evitando nossos pré-estabelecidos conceitos da teologia.
Reler a Bíblia desta forma, traz complicações quando nos deparamos com o que aprendemos nas catequeses, sejam católicas ou evangélicas. Em compensação, percebemos a grandeza profunda do relato com suas verdades nuas, muito mais realistas e menos ideologizadas. Se fizermos este exercício, por exemplo, nas histórias da vida de Abraão e Moisés, veremos homens muito mais naturais e menos semi-deuses. Se aplicarmos isto à história da Criação, Salvação, o curso da História humana, espiritualidade, Eternidade, ou ainda buscarmos entender mais sobre anjos, Deus, Jesus, diabo, etc., perceberemos um novo universo muito mais amplo e colorido do que nos mostram os monocromáticos tons das paredes deste labirinto no qual nos encerramos amedrontados.
Quando os muros da prisão caem, todos os fragmentos de um cenário começam a fazer sentido. Nossos muros religiosos construíram este labirinto, e não notamos o esplendor do mosaico sobre o qual estamos. Sempre será a verdade que irá nos libertar, não o medo!
É assim, amiga Raquel, que entendo o conhecimento. Ele não abala a fé, mas nos liberta da prisão.
A Deus toda a glória!
Leialdo Pulz
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