sábado, 20 de dezembro de 2014

Freud, Moisés e Ramsés

Moisés não foi contemporâneo de Ramsés II... e Por que isto é tão importante?

Sempre que a verdade é minimamente distorcida, ela acaba por gerar males tão fortes que apenas a correção veemente poderá reverter o processo destrutivo, mas não sem sequelas. Como vimos no post anterior, o texto bíblico é enfático em uma datação no séc. XVI a.C. para o Êxodo, contrariando uma possível co-existência dos dois
personagens. Mas, por que tamanha necessidade de algumas pessoas em se relacionar ambos? Isto é apenas um assunto acadêmico ou é do interesse exclusivo daqueles que não tem o que fazer com o seu tempo? Ou é uma discussão que pertence unicamente ao campo de discussão dos nerds teológicos?

Gostaria de dizer que basicamente, se a Teoria Ramsés for verídica, então Moisés não foi o primeiro a dar conotações monoteísticas à religião, pois teria sido precedido pelo faraó Akhenaton, que promoveu reformas profundas nas bases religiosas egípcias, colocando o culto ao deus Sol como o único aceito em seu reino, em detrimento ao conhecido sistema politeísta vigente até então. Contudo, esta reforma acabou frustrada após a morte do faraó, e seu filho Tuntankhamon decretou a volta ao sistema antigo. Em outras palavras, Moisés teria plagiado Akhenaton, inserindo contudo novos elementos para corrigir os erros do antecessor.

Livro de Freud sobre
Moisés e o Monoteísmo
Segundo Freud, essa mal sucedida tentativa de Akhenaton acaba por ser a base para o futuro Moisés patrocinar a invenção de YHVH, o deus hebreu. Ele teria (Moisés) sido um príncipe frustrado da corte egípcia, e que para provar seu valor usa o culto ao deus hebreu como uma forma de demonstrar sua capacidade administrativa ou outra coisa do tipo. Aliás, é notório que Moisés e Ramsés sempre aparecem num contexto familiar muito próximo (irmãos) nas telas, o que implica em maior disposição para o contexto da suposta frustração  mosaica. Unindo astúcia, habilidade política e usando a fé alheia, Moisés, segundo o pensamento freudiano, inaugura uma nova Era para a religiosidade humana, o monoteísmo.  

Com isto, toda a fé monoteísta está baseada sobre um alicerce de ego mosaico. Na sequência, a História acabou por reverenciar Moisés como um líder impar, pai da nação da qual, segundo Freud, ele nem ao menos fazia parte. Tudo seria um acumular de posteriores falsificações e mitificações ao redor do personagem Moisés. Por sinal, exemplos deste processo podem ser vistos em quase todos os grandes vultos da História. Em suma, a fé está baseada em pressupostos falsos e mentirosos, segundo este ponto de vista. 

As ideias acima, por mais estranhas que pareçam, são bem plausíveis caso se tome a premissa de um Moisés vivendo numa corte com Ramsés. E elas serviram para ataques veementes à autoridade das Escrituras no século XX. A retomada desta suposta convivência de Moisés e Ramsés parece voltar a tona agora. As táticas mudam, mas o objetivo continua o mesmo, desmerecer a autoridade das Escrituras Sagradas, destruir seu testemunho, desacreditar sua Verdade intrínseca. 

A desconstrução sutil da figura do líder do Êxodo e do próprio Êxodo é uma das ênfases de muitos segmentos, e isto chega às massas através das telas. Mas a verdade precisa sempre ser evidenciada, denunciando-se as mentiras, independente de quão sutis elas possam ser. 

Leialdo 

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