segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

FOGO E LEÕES...

Já no final dos anos 80, a Perestroica dava aos russos a possibilidade de terem liberdade para lerem a Bíblia e compartilhar abertamente assuntos relacionados à fé. Isto gerou a necessidade de se abrirem escolas e institutos bíblicos para suprir a carência teológica que o regime soviético impôs. Krasnodar viu nascer numa casa humilde o seminário “Lâmpados”, uns dos primeiros a serem organizados no país. Com o passar dos anos, a demanda
cresceu, e alunos vindos dos cantos mais remotos da vasta Rússia foram estudar lá.

Uma parceria com a Aliança Cristã e Missionária possibilitou ao seminário comprar um terreno num bairro afastado da cidade, e começar a construção de seu Campus. O projeto era audacioso e exigiu muitos recursos, especialmente de fora. Com o tempo, “Lâmpados” se torna o segundo maior seminário da Rússia, sendo superado apenas pelo de São Petersburgo.

Mas os problemas foram proporcionais ao tamanho da ousadia dos irmãos de Krasnodar. Logo veio a reviravolta na política russa em relação às instituições religiosas ocidentais e às suas associadas (1998). A prefeitura de Krasnodar entrou numa batalha judicial com “Lâmpados”, agora rebatizada de “Universidade Cristã Evangélica do Kuban” (Kuban é o nome da região de Krasnodar). Por anos, de todos os modos, a prefeitura tentou fechar aquela universidade. Em cada batalha perdida, ela sempre recorria às instâncias superiores.

A batalha dura e exaustiva da Universidade teve sua recompensa, quando num dos atos finais da batalha, em 2002 o Ministério da Educação Russo deu autorização de funcionamento para o estabelecimento. Isto não significava que eles tinham o reconhecimento do MEC russo, mas era a autorização para funcionarem legalmente. Com esta autorização em mãos, a Universidade não teve mais como ser fechada. Foram quase 10 anos de batalhas nos tribunais, mas a vitória finalmente chegou naquele ano!

Universidade Cristã Evangélica do Kuban (Krasnodar)

Em maio visitamos aquela Universidade, que ainda estava em fase de construção de boa parte dos prédios. Demos nosso testemunho para os alunos na hora do culto e participamos de uma das aulas com eles. Depois, o presidente nos levou até a capela. Ela estava carbonizada, pois alguns dias antes, um maçarico havia colocado fogo na espuma que estava sendo colocada no teto para o isolamento térmico. O fogo se espalhou rapidamente pela estrutura. Os bombeiros foram imediatamente chamados, mas não atenderam o chamado logo, demorando demasiadamente para chegarem ao local. Coube aos que estavam no local tentar apagar o incêndio que se alastrava. Muito tempo depois, quando a estrutura estava visivelmente danificada, o caminhão dos bombeiros chegou ao local e começou a apagar o que havia ficado do incêndio.

Nos anos seguintes que passamos em Krasnodar, nos habituaríamos a este estado de saber que as pressões aparecem, forçam, sufocam, mas que não são "palpáveis", tangíveis, mensuráveis. Não podia ser provado que o atraso dos bombeiros teve a haver com disputas com a prefeitura, mas todos tinham a “certeza” desta relação.

Lecionando a matéria "Comunicação Transcultural"
na Universidade Cristã de Krasnodar (2009)



Isto nos leva a refletir sobre as lutas que travamos, mesmo que não saibamos que elas estão acontecendo, pois ocorrem em esferas não materiais. Existem forças ao nosso redor querendo nos devorar como um leão à sua presa (1Pe 5.8). Estejamos sempre atentos, um dia a vitória final será nossa!!! Amém....


Leialdo Pulz

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