Contrastes da Rússia: as "Areias de Tcharskye" contracenam com os picos gelados |
Japão até a fronteira da Europa Central, e das geladas localidades polares até os desertos persas, as inúmeras faces das culturas se sobrepõem, às vezes de forma harmoniosa e elegante, mas às vezes de forma abrupta e raivosa.
É sabido que um dos importantes traços da cultura é a
religião, e a Rússia é um país, por assim dizer, multirreligioso.
Das antigas tradições xamãs, passando pelo Cristianismo,
Islamismo, Budismo e muitas outras filosofias e práticas religiosas,
todas convivendo dentro das extensas fronteiras de um gigante. Nos
anos da União Soviética, que abraçava mais territórios,
procurou-se padronizar, unificar os povos que ali viviam. A ideologia
marxista-leninista, com o seu ateísmo aberto, foi aspergida sobre as
massas, e muitos convenientemente abandonaram suas crenças. Mas o
fim da URSS provocou uma volta desesperada às raízes culturais, e
em especial, às crenças religiosas.
Na Rússia, país tradicionalmente cristão, da linha
ortodoxa, multidões foram para as igrejas serem batizados. Os
templos lotaram de ex-comunistas ateus que voltavam finalmente às
raízes ortodoxas. O mesmo processo aconteceu pelas outras
repúblicas, e em especial, nas historicamente de predominância islâmica. As velhas rixas e desavenças religiosas acabaram
aflorando novamente, e na Ásia Central, tornava-se cada vez mais
arriscado não ser muçulmano. Patriotismo e religião sempre andaram
juntos.
Cidade de Grozniy, capital de Chechênia durante a guerra |
Em 2002 conhecemos uma moça na igreja em Krymsk, perto
de Krasnodar, que era uma refugiada da Chechênia. Ela estava
dirigindo o louvor num grupo caseiro quando a conhecemos.
Nitidamente, ela estava aliviada por não viver mais na zona que
esteve em conflito nos últimos anos. Mas o tom de uma ferida aberta
na alma ainda ecoava pela sala daquela casa que nos recebia. Muitas
vidas se perderam, muitas almas se foram para a eternidade, sem ao
menos saberem os motivos de tanto ódio.
Quando voltamos para a Rússia em 2005, a situação
estava razoavelmente controlada na Chechênia, que ficava “perto”
de onde morávamos, uns 500 quilômetros de Krasnodar. Nos anos de
conflitos, uma bomba chegou a explodir no Mercado Central de
Krasnodar, e um outras cidades da região sempre havia o perigo de um
ataque suicida. Nos noticiários, durante o tempo que estivemos no
país, apareciam cenas de atentados em cidades próximas da nossa, no
estado vizinho. A situação, na realidade, nunca esteve tranquila.
Sempre havia o medo de que o que ocorreu numa escola em Beslan
pudesse se repetir em qualquer escola por perto.
Uzbequistão, um país muçulmano |
testemunha ocular das perseguições que ocorriam no Uzbequistão. Um dia a polícia chegou no Café onde se reunia a igreja. Os irmãos se assentavam às mesas, compartilhavam passagens ali mesmo, cantavam discretamente acompanhados por um violão e um microfone acoplados numa caixa de som. Tudo muito discreto... Mas a polícia chegou, confiscou tudo, acabou com a reunião e prendeu os líderes. Era apenas uma demonstração de força contra a igreja. Reuniões não eram permitidas em espaços públicos. Mas ambientes privados não podiam ser alugados...
Ásia Central |
Ao fim da conversa com aquele irmão, ele disse: “Se
vocês acham que a situação está complicada na Rússia, precisam
saber o que ocorre lá de onde vim! Vocês vivem num oásis no
deserto...”. Despedi-me dele, voltando pensativo, sobre os desertos
que nos rodeiam. Mas na realidade, pareceu-me por fim que eles estão
nas correntes de água, junto com Cristo, e penso em quantos de nós
que vivemos no oásis, sedentos de Deus.
Bem disse Jeremias "Mas
bendito é o homem cuja confiança está no Senhor, cuja confiança
nele está.
Ele será como uma árvore plantada junto às águas e que estende as suas raízes para o ribeiro. Ela não temerá quando chegar o calor, porque as suas folhas estão sempre verdes; não ficará ansiosa no ano da seca nem deixará de dar fruto". Jeremias 17:7-8
Ele será como uma árvore plantada junto às águas e que estende as suas raízes para o ribeiro. Ela não temerá quando chegar o calor, porque as suas folhas estão sempre verdes; não ficará ansiosa no ano da seca nem deixará de dar fruto". Jeremias 17:7-8
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