quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Aula com o Dr. Adolfo Roitman


Não é segredo, ao menos para mim mesmo, que tenho verdadeira paixão pelo estudo da Bíblia e tudo que envolve este fascinante livro. Quando isto se alia a outra paixão, História e arqueologia, o caso fica realmente empolgante.

E este encontro aconteceu de forma magnífica nesta semana. Alguns anos atrás eu estive na exposição dos manuscritos do Mar Morto, que ocorreu em São Paulo. Fascinante ver diante de si parte daquele tesouro da humanidade. E esta aproximação com o tema não parou por aí. Fiquei sabendo que haveria uma palestra sobre o nome de "Os manuscritos do Mar Morto e sua Relevância para o Cristianismo Primitivo", que seria  ministrada nada menos de que pelo Dr. Adolfo Roitman, curador do Museu dos Manuscritos do Mar Morto e Diretor do Santuário do livro de Jerusalém (onde estão expostos os rolos). Em outras palavras, o guardião desta preciosidade incalculável, não apenas para a História por ter sido a maior descoberta arqueológica dos últimos tempos, mas por sua importância no estudo das próprias Escrituras Sagradas.

Assisti à palestra que durou 1 hora e meia. Muitas das informações já eram conhecidas, e que estão acessíveis em qualquer livro ou site da internet, outras nem tanto. Mas a questão nem era tanto o que foi dito, mas por quem foi dito!  O que levei daqueles momentos foram os insigths, as pontes e confirmações de suspeitas próprias.

Após o tempo de palestra, não resisti e fui falar com o grande curador. Ele, apesar do cansaço provocado pelas várias viagens e compromissos, não deixou de me responder uma pergunta. Tentei ser o mais “profissional” e “erudito” na pergunta, pois era uma oportunidade única, e não queria despejar sobre ele todas as milhares de perguntas que poderiam ter sido feitas. Sua resposta foi mais do que um “sim” ou “não”, mas mais uma aula dada de forma lacônica. Admiro pessoas que conseguem dizer tudo, sem quase dizer nada! Acostumado a receber presidentes, políticos de altíssimo escalão, ele colocou sua posição sobre o assunto com certa nobreza de um verdadeiro magnata e com a simplicidade de um camponês.

Ainda satisfeito com esta pequena aula, tive tempo de pedir para tirar uma foto com o “mestre” para deixar como recordação deste momento único.

Aprendi também, que a arrogância está no coração humano, não no conhecimento. Somos donos de nossos corações, e devemos cuidar para que ele nunca se encha do maior de todos os erros, o orgulho!


Fé e Ciência - uma nova perspectiva

“A fé e a ciência”, ou seria “a fé é uma ciência”? Os abismos que separavam estas duas palavras nos séculos passados, cada vez mais estão sendo diminuídos. A prova disto é o aumento de pessoas da ciência que abertamente têm proclamado algum tipo de crença religiosa. Mas este encontro da fé com a ciência tem provocado um fenômeno interessante. Se a ciência tem mudado sua abordagem de questões que estão relacionadas mais ao campo da religião humana, a fé tem sentido igualmente a força da erudição. E este processo não é algo indesejado, conforme muitos religiosos sustentam, mas uma possibilidade de sairmos de conceitos ainda medievais e retrógrados de nossas teologias.

Uma ciência bem feita será uma experiência religiosa, e uma religião bem feita, será científica. Por “religião” aqui entendo a tentativa de um encontro com o divino. Neste caso o estudo da Bíblia, pode ser algo absolutamente “científico”, pois ela não estará em desacordo com o Criador da própria ciência natural. O fato é que uma análise destes textos, com o intuito de encontrar o seu verdadeiro  sentido, cercado das várias áreas do conhecimento adquirido ao longo de nossa jornada neste mundo e ainda aliado à auto-revelação transcendente do Criador nos levará até profundos conhecimentos.

O problema é que as pessoas estão à procura de um conhecimento que está desconectado da verdade. O que interessa é a satisfação de suas vontades, ou mesmo de seu senso de “eu estou com a razão!”. Mostrar que “E a Bíblia tinha razão” não é tão pouco um exercício de elevada espiritualidade. Até o momento, não tenho razões para duvidar da afirmação de que a Bíblia tem razão. E como poderia, pois ela é o meio pelo qual o Criador se comunica com nossa raça? O que pode ter caído por terra são premissas teológicas ou doutrinárias, pois estas não são a Bíblia. Elas, muito pelo contrário, são interpretações, esquematizações e sistematizações feitas por homens, muitos dos quais pios e “santos” em sua conduta e fé, mas ainda assim, seres passíveis de equívocos.

Que caiam a teologia, que desmoronem os dogmas, mas a Palavra permanece um impávido colosso, ultrapassando Eras. A ciência humanista tem atacado este Livro por muito tempo, mas apenas conseguiu emacular as camadas externas da teologia, sem contudo, provocar qualquer arranhão na face do Livro. Não creio na teologia, nem na ciência, mas creio no Livro. Tanto a teologia, como a ciência são áreas passíveis de interpretações e interpolações, e as interpretações podem ser equivocadas ou incompletas.

Estamos engatinhando nesta nova era científica. Nossa teologia foi alicerçada há quase 2000 anos, quando ainda pouco tínhamos consciência de nosso “Cosmos”. Porém, a Palavra fluiu da fonte criadora deste mesmo cosmos. A Bíblia não é um tipo de manual de ciência como conhecemos hoje, pois os manuais são contemporâneos, e imperfeitos, incompletos. Como texto eterno, a Palavra não fala apenas ao homem moderno, científico, mas precisava abranger a todas as Eras da existência humana, e é aqui que ela se apresenta como verdadeira fonte do saber, pois é atemporal, acultural. Ela é fonte de interesse por parte de uma criança que a pouco aprendeu a ler, e fonte de profundos estudos de cientistas sérios.


Não  importa qual a abordagem que alguém possa ter em relação a este Texto, sempre sairá impactado pela aura de conhecimentos ali contidos. Esta Palavra é fonte inesgotável. Nunca poderemos chegar a afirmar: “pronto, não há mais nada a aprender com ela!”. E isto se explica pelo fato da fonte primária dela, o eterno e infinito Criador, dono e criador da própria ciência! A Ele somente a glória, amém!!!

sábado, 3 de agosto de 2013

     Vídeo:  Literatura Apocalíptica - SEMIBA

     Vídeo:  Métodos de Estudos Bíblicos

Matérias que lecionarei neste semestre no SEMIBA/SP.
Caixinhas... 

Vivemos num mundo dominado por caixas. Elas estão por todas as partes, ocupam os espaços, invadem nossas vidas e nem percebemos. Mas basta darmos uma olhada ao redor e lá estão elas, cercando, limitando, contendo.

Elas são um mal necessário numa cultura puramente consumista, pois padronizam, dão o limite e o valor correto do que carregam, dando-nos noção de segurança e de confiabilidade. Ao pegarmos, por exemplo, uma caixa que contem a inscrição “1 litro”, sabemos que ela leva em si um padrão de medida correto e não deixa o volume extrapolar o indicado, nem mesmo conter demasiadamente menos do que promete, e isto torna o preço pago justo, pois  todos que comprarem aquele produto estarão levando a mesma quantidade pelo mesmo preço que nós. É uma massificação das coisas.

Mas existem caixas muito mais perigosas. São aquelas que nós impomos a nós mesmos e aos outros como padrões exatos e inquestionáveis. Não existe espaço para perguntas e dúvidas. O que é, é!

Por isto padronizamos, massificamos. Assumimos que as caixas são os limites da realidade e do mundo.
Nossa visão vai somente até as paredes, não imaginando que exista algo além da tampa. E aqui é que reside o grande perigo.  Neste afã de padronizarmos tudo, perdemos a percepção de que existem aspectos da vida que não podem ser encaixotados. Para nós, limitados, aquilo que extrapola as dimensões da caixa, precisa ficar do lado de fora dela, pois não existe espaço interno para acomodar o objeto “subversivo”.

Mas se este objeto passa a ser necessário e inevitável, não podendo ser ignorado, nós iremos construir uma caixa ainda maior para poder comportar tal objeto. Contudo, isto levará muito tempo até ser assimilado e aceito. Muitos hereges da “desencaixotação” e “reencaixotação” irão pagar o preço de teimar numa revisão do tamanho da caixa em que vivem.

Quando falamos da incapacidade de “encaixarmos” determinados assuntos, nenhum pode ultrapassar a ridícula tentativa de colocar Deus nas nossas amadas caixas. Por definição (que já é uma CAIXA), Deus é, entre outras coisas, Criador e infinito, e somente estes dois aspectos já colocam nossa tentativa em completa contradição e impossibilidade de realização. O infinito não pode ser contido, armazenado e limitado por criaturas de condição finita. Creio que neste aspecto muitos irão concordar em tese, mas na prática diária irão continuar buscando uma caixa que seja ao menos compatível para Deus. Definimos Deus, ditamos sua vontade, descrevemos sua Teologia, restringimos sua ação. O Deus de muitos cristãos está agora dentro de compartimentos, etiquetados e usados conforme suas preferências.

Enquanto isto, Deus está do lado de fora das nossas convenções, provavelmente rindo de nossas tentativas estapafúrdias de definir o universo baseados na altura e largura da parede à nossa frente. Em muitos momentos, estas conversas de loucos, como que numa caverna escura, acabam por se tornar o que chamamos de RELIGIÃO. Ela é a fosca tentativa de tentarmos explicar projeções de sombras extra-caixa feitas nas paredes, só! Em muitos casos, estas tentativas até  geram seres que irão se libertar do interior, e que buscarão o motivo da sombra não na própria sombra, mas no mundo que está além da tampa.

Entretanto, na maioria dos casos, apenas teorias enlatadas irão aparecer para explicar as sombras.
Pode ser exatamente por isto que Cristo veio. Ele precisou vir para dentro de nossas caixas humanas para de alguma forma poder nos levar para fora e mostrar o mundo como ele realmente é. Ele foi a luz do mundo, pois veio da luz, a luz que está lá fora. Muitos, contudo, ficaram ofuscados por esta luz e tiveram medos, fobias e desesperos, pois a luz era demais para eles. Outros ainda, que até chegaram à entrada, ao olharem para fora, não puderam enxergar nada, pois estavam acostumados com a escuridão da caixa. Porém, aqueles que confiaram nEle, encontraram o Pai em glória e luz do outro lado. Mesmo não entendendo de imediato a nova Realidade, muitos resolveram baseados em sua intuição (fé), aceitar a “nova” visão de mundo.

Caixas nos limitam e atrofiam. Nossa capacidade limitada não nos permite vivermos sem elas, mas precisamos saber que elas não são a Realidade final. Sempre haverá algo além. Acreditar nisto, é viver. E crer naquele que tudo fez, é ter a vida eterna!

Que possamos aprender a ter nossos olhos voltados para as tampas, sempre esperando ter respostas que vão além das sombras nas paredes!


Leialdo